terça-feira, 15 de abril de 2008

Arte 19

El Sueño del Caballero - Antonio Pereda

A Vanitas - A tipologia barroca da representação da morte.

O Sonho do Cavaleiro, de Antonio Pereda, traduz-se numa alegoria rica e de imenso significado. Antes de mais, a própria noção de sonho como sugestão da morte. Esta “correlación shakespeariana dormir-morir-soñar” encontra as suas raízes num passado mais remoto, se nos lembrarmos que o Sonho (Hipno) é tido como filho de Nix (Noite) e Érebo (escuridão do mundo inferior) e irmão de Tânato – a Morte. O anjo que se aproxima do cavaleiro traz consigo uma filactéria com palavras alusivas a uma morte súbita. É interessante a utilização de uma máscara de forma a transmitir ao observador a concepção do mundo como teatro, como palco, e o homem como actor. Os elementos presentes são todos representativos daquilo que a vanitas realmente simboliza: a inexorabilidade do tempo quer na representação da vela apagada, quer no relógio que se encontra em cima da mesa ou até nas flores, que tão depressa desabrocham como se definham; as riquezas nas caixas que transbordam de jóias; o poder nas armaduras e no globo terrestre, ligados às guerras e ao domínio do mundo, mas também nas cartas, simbolizando toda uma miríade de jogos de poder; os instrumentos musicais que desde há muito são associadas a um instrumento do mal, como arte prazenteira que é.

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