terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Não sei o que te move. Se corres as estações por fanatismo ou uma qualquer razão estranhamente oblíqua àquilo em que acredito. Não. Ao que sou, ou não, capaz de fazer. Gostava de saber se a vivacidade é algo que se estuda, que se aprende. Porque há corpos que trabalham vazios, ocos na ausência absoluta dessa energia que de ti parece transbordar. A obstinação, a persistência e a iniciativa. Cumprimentei uma vez uma ou outra, num aceno do outro lado da rua, sem sequer olhar. Fazem parte de um grupo em que te moves livremente, sem constragimentos ou vergonhas.

Não sei o que me move, se é que me movo de todo. Existe, vive e cresce um som abafado, emitido por um qualquer órgão inútil mas que invade todos os outros. Vivo num contágio cíclico, que não sei contrariar. Por vezes há sopros provenientes de um distanciamento eficaz e de curta duração. Não existe qualquer controlo. Não conheço o controlo. Seguir invisível através dos transtornos, com uma irritação inerente a todos os gestos.

As fases de ar quente são irrepetíveis, em metáforas inconvenientes mas que servem o propósito do imediatismo que lhes é característico. Esquecidas diariamente, na inércia das horas em que não se cumprem quaisquer obrigações. Este momento são minutos dessas horas. A obstinação de que falo controlo-a apenas na errada direcção que lhe dou. Há circunstâncias absolutamente provocadas, quase estudadas de forma doentia. Sossego naquelas que não o são.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

William A. Bouguereau

Orestes Perseguido Pelas Fúrias

As Bacantes

Flagelação de Cristo

Dante e Virgílio no Inferno

O Primeiro Luto

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Foz




O nevoeiro provoca-me uma sonolência que podia ser sublime, se não existissem assuntos pendentes a tratar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não sei o que acontece quando não há vontade. Simplesmente, vontade. Em qualquer sítio, sob qualquer circunstância. Há condenações aleatórias. Daquelas absolutamente idiotas, sem razão. Faz-me doer o corpo todo, arrastado com uma exactidão doentia.

Zero. Acontece zero. E fico por aí, correndo à volta dessa imagem: zero. É uma órbita de força gravitacional intensa. Fico por aí, por lá. Quem quiser, que me tente puxar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sigur Rós

Há momentos que não se esquecem. Há coisas que são sentidas de forma única e uma única vez. Às vezes compensam gastos, eventuais sacrifícios e todas essas coisas que se tornam imensamente secundárias. No dia 11 de Novembro foi assim. Quem esteve no Campo Pequeno sabe bem do que estou a falar. Não me vou alongar sobre este assunto porque há certas coisas que não devem ser descritas, sob pena de serem diminuídas e de não lhes ser feita justiça. Fica a ideia.

Ignorem a péssima qualidade da imagem, por favor.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Arte 81

Cabeça de perfil - Manuel Jardim

Arte 80

O Rapto de Europa - Rembrandt
Soon.
Levantaste-te cedo. Abriste os olhos com o custo de todos os dias. Não se iluminaram. Eras o nevoeiro de todas as manhãs. Não te conheci contornos porque te esbateste sobre o lençol... Mas eras o nevoeiro espesso, que se movimenta através das sombras, que invade todas as coisas. E invadiste-me. A luz que se faz à medida que despertas apoia as pontas dos dedos sobre o meu corpo. Mergulho no teu silêncio brilhante de água até perder os sentidos.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Arte 79

Sopros - Mário Cesariny
Quantos serões serão necessários para me provares que vale a pena? Estou cansada de recitais, idiotas, na tua voz monocórdica que me adormece os sentidos, que não me convence de nada. Arrastas-te por esses corredores fora, brancos de luz eléctrica, com a cabeça baixa e os olhos caídos de animal doente. Abres as portas sem saber o que fazes, é o álcool que te confunde os sentidos?

Na rua páras e acendes o cigarro nos dedos moles, a tua boca mole tenta apanhar o fumo que puxas fracamente e não ergues os olhos quando o cospes. És ridículo. Essa tua coluna dobrada é ridícula.

Não me convences. Não me apanhas. Não quero saber do que dizes. Encosta-te no teu canto poeirento e pára de tentar angariar admiradores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

Arte 78

As Musas - Maurice Denis

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Arte 77

Cozinha da Casa de Manhouce - Amadeo de Souza-Cardoso
Foste tão grande na tua brancura de nevoeiro. As marcas da idade atravessaram séculos, sempre iguais. A tua recusa de mudança de uma frieza tão afiada. Correste mundos, universos, sempre com o mesmo olhar. Carnes que se prostaram aos teus pés em adorações imbecis, na esperança de algum retorno. A solidão. Se um dia caíres, talvez acabe o mundo. Talvez eu te sinta a falta. Talvez... nunca mais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Arte 76

K4 o Quadrado Azul - Eduardo Viana
Curem-se as (in)certezas. Horas de espera levam, quase inevitavelmente, a algum lado. Levam à leitura de coisas, por exemplo, numa esperança vã de que o tempo passe mais depressa. Por vezes, a escolha do objecto de leitura é profundamente triste, por ser ajustada e reveladora. Se vão para algo, não leiam sobre isso. Os pés começam a bater mais depressa, o peito começa a apertar e as dúvidas desabam com uma intensidade esmagadora. E deseja-se tantas coisas de uma vez só.

Papeladas. Papeladas em secretárias que poderiam conter uma vida. A minha. Uma sentença, quem sabe. Mas curem-se as (in)certezas. Na ambiguidade de vontades de uma tarde, curaram-se. Não fui condenada.

sábado, 11 de outubro de 2008

Arte 75

Auto-retrato - Aurélia de Souza


Vi outros que não fui capaz de encontrar. Ainda assim, penso que se me pintasse, teria de ser com a coragem de Aurélia de Souza.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Arte 74

Auto-retrato - Dórdio Gomes

Coming next on my field of work.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E se um dia eu te encontrasse para lá do óbvio? Depois da noite, e do dia, e das cabanas de madeira, daquela rua pequena e suja, das flores nas janelas, da calçada, dos passos sem fim à procura de nada, à procura de tudo o que não existe. Não te encontrei num número que eu tinha a certeza existir.

De noite, de mão dada com a que me acompanhou, no silêncio dos candeeiros, os pés batiam à procura desse número. As ruas abertas fecharam-se. O número desapareceu. Sem ele, não existes. De repente tudo pareceu um delírio e os meus pés colaram ao chão e já não sabia onde estava. Perdi-me. Enquanto te procurei, perdi-me.
Meses e anos. Minutos e horas. Não chovia porque era só o vento. Vento duro, seco, que me empurrava em direcção nenhuma. Apertada, tinha a certeza de que havia vozes que não deviam ser esquecidas. Se o vento falasse não me tinha deixado esquecer. Esperei que fosse possível relembrar. Estava tudo muito longe, para lá daquilo que eu pude suportar. Não me deixaste relembrar, não me deixaste ir buscar aquelas vozes e o vento empurrava-me sem sentido.

Hoje, contigo noutro sítio qualquer, já me lembrei. Há vozes que já não estão esquecidas.

Arte 73

A Menina Doente - E. Munch

Porque às vezes quem morre tem ainda de consolar.

domingo, 21 de setembro de 2008

Arte 72

Casal a cavalo - W. Kandinsky
Seria talvez naquelas noites de ruído. Cada som uma vaga de distúrbios teus, horas sem fim. Porque me sentava eu contra a parede de cal a desfazer-se, a tingir-me a roupa, se voltavas sempre, em intervalos certeiros, com o teu cão preto de olhos inexpressivos pela trela. Se retornavas ao ruído, qual fumo negro e espesso que se abria à minha frente, era a cal que eu deixava desfazer-se em mim.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Há alturas em que o tempo passa demasiado devagar e as minhas pernas já não aguentam e os meus braços pendem inertes a minha cabeça parece ter pequenos construtores a correr de um lado para o outro e a martelar lá dentro e tudo isto me deixa exausta e inundada por uma carga eléctrica extrema que me excita todos os poros e dá vontade de rebentar se alguém ousar tocar-lhes. Hoje seria talvez o fim quem sabe tudo pode voltar ao normal e este texto ganhar vírgulas sim porque os dias têm corrido sem elas sem vírgulas incessantes...

Hoje

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Arte 71

Anatomy Lesson - Rembrandt

(In)certas doenças

Foi num daqueles consultórios brancos, de mesa de vidro com toda uma profissão alinhada, organizada, sem qualquer peça fora de sítio. Esses consultórios brancos despertam em mim uma espécie de náusea desconfortável, que apenas passa pouco depois de entregar o cheque colorido que dá ainda outro nó no estômago enquanto escrevinhamos uma avultada quantia. Vinte minutos de tensão na (in)certeza de estar doente. Vão picar-me, apertar-me, esvaziar-me, fazer-me passar fome. E eu vou ficar na mesma, e a minha cara talvez não mude de expressão, quando me resolverem as (in)certezas.

sábado, 23 de agosto de 2008

Quando é que me disseste que o mundo ia acabar? Num daqueles dias tão quentes em que roupa e a pele se colam à cadeira de plástico, molhada nas zonas ocupadas pelas articulações? Ou num daqueles dias tão frios em que cada passada se reflecte nas palmas das mãos, quando a pele estica e se torna numa espécie de plástico de má qualidade? Já não me lembro. Sei que já passou tempo, já me disseste tantas coisas que nunca aconteceram... Não foram mentiras, foram ilusões, alucinações que tens durante aquele curto espaço de tempo em que as pensas e as dizes. E que depois desaparecem. Nunca mais te recordas delas, e se te falarem do assunto não sabes o que dizer e olhas as pessoas com desconfiança por não compreenderes o porquê de alguém te achar capaz de dizer semelhantes coisas.

Arte 70

A Origem do Mundo - Courbet

domingo, 17 de agosto de 2008

Feira Medieval 2008

Já vem um pouco tarde, mas não demasiado.








Jeff Ascough



Gostava tanto de um dia o poder trazer cá... Puro génio!

Por favor vejam, liguem as colunas, e percam-se... Jeff Ascough

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Arte 69

Natureza Morta com Cesto de Maçãs - P. Cézanne

domingo, 10 de agosto de 2008

Arte 68

Madalena Arrependida - Georges de la Tour

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Concertos

Diferentes? Talvez. Mas já cá cantam os bilhetes para todos eles:

Sábado lá estou eu.

Porcupine Tree, 8 de Outubro, Teatro Sá da Bandeira.

Sigur Ros, 11 de Novembro, Campo Pequeno.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Arte 67

El Baño - Botero


Here I Stand
A Heartbroken Man
I Was A Bad Seed In Your Future Plan
When It Rains It Pours
That's When You Hide And Close The Door
I'll Never Be The One You Wanted

I Sent You A Letter
I Thought It'd Be Better Than Calling You

I'm Missing You
I'm The Man You Never Knew
Always Blue.over You
And I Can't Help It
I Can Not Fake It
For I Still Love You

I Don't Know You.anymore
Behind The Shell Lies Something Wounded
Have You Found Your Superman
And Does He Fit Your Master Plan
I Feel It Hard To Search For Something New

I Sent You A Letter
I Thought It Be Better Than Calling You

I'm Missing You
I'm The Man You Never Knew
Always Blue.over You
And I Can't Help It
I Can Not Fake It
For I Still Love You

I Can See The Starts Above
They Watch Us Live
They Shine Upon Our Fragile Lives.and Cry
Can I Ask You Why We Turn Our Heads The Other Way
And Look For Something We Will Never Find
Imaginary Day.when Pain Is Washed Away
Waiting For Freedom
Give Us Reason To Live
Missing You

A Hotel Where Nobody Stays
A Piano That Nobody Plays
Is What My Heart Feels Like
Empty Room Cold Dark Stairway
You Left Me Broken Hearted
All Alone On The Road To Somewhere

I'm Missing You
I'm The Man You Never Knew
Always Blue.over You
And I Can't Help It
I Can Not Fake It
For I Still Love You

- Missing You - ARK

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Lembrar-me...


... de fazer isto em condições quando visitar um país próprio para tal.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Arte 66

Portrait of the Dancer Alexander Sacharoff - Jawlenski

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

De volta

O Grove